Crianças com dificuldades de aprendizagem: como ajudar?
Alguma vez você já se perguntou por que aquele aluno que parece tão curioso e participativo trava na hora da leitura ou da prova? Essas situações são muito mais comuns do que parece, e podem ser sinais de crianças com dificuldades de aprendizagem.
O que você vai encontrar neste artigo:
- Quando a criança não aprende: é desinteresse ou uma dificuldade real?
- Dificuldades e transtornos de aprendizagem: entenda a diferença
- Sinais que merecem atenção: quando a dificuldade aparece antes da escrita
- Relatórios que fazem a diferença: observação é o primeiro passo
- 5 estratégias práticas para estimular o cérebro da criança
Aqui na Rhema Neuroeducação, a gente sempre reforça uma ideia importante: se o aluno não aprende, não é preguiça, é um pedido de ajuda. Entender o que está por trás desses comportamentos é o primeiro passo para agir com consciência e transformar a forma de ensinar.
Neste blog, você vai descobrir como identificar as dificuldades de aprendizagem, entender a diferença entre dificuldade e transtorno, aprender a observar os sinais na fala e na escuta da criança, e conhecer estratégias práticas que realmente funcionam na sala de aula.
Quando a criança não aprende: é desinteresse ou uma dificuldade real?

Na rotina da escola, é comum que professores se perguntem por que alguns alunos parecem não avançar, mesmo com tanto esforço e atenção. Às vezes, a impressão é de falta de interesse, mas na verdade o que está por trás são dificuldades reais de aprendizagem que precisam ser compreendidas com sensibilidade e olhar pedagógico atento.
Desse modo, segundo a psicopedagoga Nádia Bossa, uma das maiores referências brasileiras em psicopedagogia, a dificuldade de aprendizagem não pode ser confundida com desinteresse. Esses desafios têm múltiplas origens — cognitivas, afetivas e sociais — e precisam ser compreendidos de forma integrada.
Isso significa que não basta olhar apenas para o aluno; é preciso considerar como a escola, a família e a metodologia de ensino estão contribuindo (ou dificultando) o processo de aprender. O psicólogo russo Lev Vygotsky, criador da teoria histórico-cultural, também reforça essa ideia ao afirmar que a aprendizagem vem antes do desenvolvimento.
Ou seja, em outras palavras, a intervenção do professor tem um papel decisivo. Quando o educador ajusta a forma de ensinar, ele cria pontes para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores — como atenção, memória e pensamento.
Dificuldades e transtornos de aprendizagem: entenda a diferença
Muitos professores ainda usam os dois termos como sinônimos, mas eles representam situações diferentes.
A dificuldade de aprendizagem é geralmente temporária e pode estar relacionada a fatores pedagógicos, sociais ou emocionais. Surge, por exemplo, quando a criança não teve o estímulo certo na educação infantil, está passando por um momento delicado em casa ou não se adaptou à metodologia usada.
Já o transtorno de aprendizagem tem base neurológica e exige acompanhamento especializado. Ele não é passageiro, mas também não impede o aprendizado — apenas exige caminhos diferentes. Os principais exemplos são:
- Dislexia: dificuldade na leitura e compreensão de textos;
- Disgrafia: letra desorganizada e escrita confusa;
- Disortografia: erros ortográficos persistentes;
- Discalculia: dificuldade com números, quantidades e operações simples.
Saber diferenciar os dois é essencial. Enquanto a dificuldade pode ser superada com ajustes pedagógicos e apoio emocional, o transtorno precisa de adaptações permanentes e de uma parceria constante entre escola, família e profissionais especializados.

Sinais que merecem atenção: quando a dificuldade aparece antes da escrita
Antes de aparecer no caderno, a dificuldade costuma surgir na fala e na escuta da criança.
É aquela criança que troca sons ao falar, tem vocabulário limitado para a idade, não entende instruções simples ou não consegue repetir sequências de palavras. Esses sinais estão ligados ao desenvolvimento da consciência fonológica — a habilidade de perceber sons, sílabas e rimas.
Quando essa consciência não está bem desenvolvida, a alfabetização se torna mais desafiadora, porque a criança tem dificuldade de ligar o som da fala às letras escritas. Além disso, também é comum observar problemas de atenção e memória de curto prazo — o aluno até entende o conteúdo, mas esquece rapidamente o que acabou de aprender.
Esses fatores não significam que existe um transtorno, mas sim que a criança precisa de mais apoio, mais tempo e metodologias diferenciadas para se desenvolver.
Relatórios que fazem a diferença: observação é o primeiro passo
Desse modo, o relatório pedagógico é uma das ferramentas mais valiosas para o professor que deseja ajudar seus alunos. Portanto, ele não é uma formalidade burocrática, e sim uma forma de registrar evidências concretas do processo de aprendizagem. Além disso, em vez de escrever “é desatento” ou “é bagunceiro”, o ideal é descrever comportamentos observáveis, como:
- “Demonstra dificuldade em seguir instruções com várias etapas”;
- “Precisa de apoio constante para retomar a atividade após interrupções”;
- “Esquece instruções simples, mesmo após repetição”.
Relatórios assim ajudam a escola, a família e a equipe pedagógica a compreender melhor o que está acontecendo — e abrem espaço para intervenções mais precisas e empáticas.
5 estratégias práticas para estimular o cérebro da criança
Agora que você já entende como identificar as dificuldades, é hora de pensar em estratégias que realmente ajudam o cérebro da criança a se reorganizar e aprender melhor.
- Troca de papéis: deixe o aluno explicar o conteúdo para um colega. Ao ensinar, ele ativa memória, atenção e linguagem.
- Aprender em movimento: transforme a sala em um espaço ativo. Jogos de sílabas no chão ou desafios matemáticos com deslocamentos físicos ajudam na fixação.
- Rotina previsível com pequenas surpresas: a estrutura dá segurança, mas pequenas variações mantêm o cérebro em alerta e treinam a flexibilidade cognitiva.
- Desenho como apoio da memória: peça que o aluno desenhe o que aprendeu — o desenho ajuda a organizar ideias e cria uma memória visual do conteúdo.
- Adaptações criativas: em vez de simplificar o conteúdo, diversifique o formato. Use imagens, tabelas e atividades em etapas curtas. Isso mantém o mesmo objetivo, mas garante acessibilidade cognitiva.
Essas práticas são simples, mas poderosas. Logo, elas unem corpo, linguagem, memória e emoção — e é exatamente essa combinação que faz a diferença no aprendizado.
Conclusão: aprender é um processo compartilhado
Toda criança com dificuldade de aprendizagem pode aprender quando encontra o estímulo certo. O papel do professor é enxergar além do erro, compreender o processo e criar oportunidades de sucesso.
Na Rhema, acreditamos que a verdadeira inclusão começa quando o educador entende o porquê de cada comportamento e encontra formas práticas de intervir. Se você quer se aprofundar nesse tema e aprender a agir com mais segurança e estratégia, conheça nossa Pós-Graduação em Psicopedagogia Atuação Clínica, Educacional, Empresarial e Hospitalar.
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