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O que é Memória Operacional?

A sala de aula se transforma quando o professor compreende como o cérebro aprende. Entre as funções essenciais para esse processo está a memória operacional, responsável por conectar o que a criança ouve, vê e faz durante a aprendizagem.

Entender esse conceito é fundamental para identificar por que alguns alunos parecem se perder no meio das tarefas, esquecem instruções simples ou têm dificuldade para concluir atividades em etapas. Afinal, quando o professor compreende a memória operacional, ele adapta suas estratégias, organiza melhor as instruções e potencializa o aprendizado de toda a turma.

O que é Memória Operacional?

A memória operacional funciona como uma “mesa de trabalho” dentro do cérebro. Ou seja, um espaço onde as informações ficam ativas por alguns segundos para serem usadas imediatamente.

Imagine, por exemplo, quando o professor diz: “Abra o caderno, copie o título e sublinhe.”
A criança precisa guardar cada etapa na mente enquanto realiza a próxima. Se essa função falha, ela esquece o que deveria fazer. E não por distração, mas porque o cérebro não conseguiu manter todas as informações ao mesmo tempo.

Segundo uma revisão publicada na Revista Psicopedagogia, a pesquisadora Michéli Jacobi destaca que a memória operacional é uma função executiva essencial para o desenvolvimento cognitivo. É ela que permite armazenar e manipular informações temporárias, fazendo a ponte entre o que chega pelos sentidos e o que já está guardado na memória de longo prazo.

Por isso, quando essa função está fragilizada, a criança tem dificuldade para compreender textos, resolver problemas ou concluir tarefas com várias etapas. Portando, isso acontece porque partes importantes da informação se perdem no meio do processo.

Qual é o papel da Memória Operacional na aprendizagem?

Pesquisadores da Universidade de Brasília explicam que a memória operacional é responsável por sustentar e manipular informações de curto prazo, garantindo a construção de novos conhecimentos.

É essa função que permite ao aluno segurar o som das letras enquanto escreve, lembrar o que o professor acabou de explicar enquanto resolve um exercício ou seguir as etapas de uma atividade sem se perder.

Quando a memória operacional está comprometida, o desempenho escolar sofre: o aluno lê, mas não entende; inicia uma tarefa, mas esquece o que vinha a seguir; entende o conteúdo, mas não consegue aplicá-lo na prática. Muitas vezes, esses sinais são confundidos com desatenção, quando, na verdade, são limitações cognitivas sutis que precisam ser compreendidas.

Portanto, identificar dificuldades na memória operacional ajuda o professor a olhar além do comportamento, compreendendo o funcionamento mental da criança e ajustando suas estratégias de ensino de forma mais eficaz.

Memória Operacional Fonológica: o papel da linguagem na aprendizagem

Um tipo específico dessa função é a memória operacional fonológica, responsável por armazenar sons por alguns segundos. É ela que faz a criança escutar uma palavra, manter o som na mente e conseguir repeti-la, escrevê-la ou reconhecê-la depois.

Esse processo ocorre em frações de segundo dentro do cérebro. Quando a memória fonológica não está bem desenvolvida, o aluno até escuta o som, mas ele se perde antes de ser registrado. Por isso, surgem trocas de sílabas, esquecimentos de letras e dificuldades na leitura e na escrita — como escrever “pranta” no lugar de “planta”.

Um estudo da Universidade Veiga de Almeida (RJ) mostrou que crianças com melhor desempenho em leitura também apresentam melhor desempenho em tarefas de memória operacional, enquanto aquelas nas fases iniciais da alfabetização demonstram maior dificuldade em reter sons e organizar fonemas.

Na prática, quanto mais a criança brinca com a linguagem — em rimas, músicas, trava-línguas e jogos de repetição —, mais o cérebro aprende a ouvir, lembrar e conectar sons a significados.

Como identificar sinais de déficit de Memória Operacional na sala de aula?

Os primeiros indícios costumam aparecer nas tarefas mais simples, e o professor é quem percebe primeiro. Logo, alguns sinais incluem:

  • Dificuldade em manter a sequência lógica de uma atividade (o aluno começa bem, mas se perde no meio);
  • Esquecimento de instruções curtas;
  • Dificuldade para compreender textos, mesmo lendo com fluência;
  • Insegurança ao realizar atividades, pedindo constantemente confirmação;
  • Erros de continuidade na escrita — como mudar o sentido da frase no meio ou esquecer o que estava dizendo.

Ou seja, esses comportamentos indicam que o cérebro da criança pode estar tendo dificuldade em reter e manipular informações temporárias. E quanto antes isso for identificado, mais fácil será intervir de forma positiva, evitando rótulos como “desatento” ou “desinteressado”.

A relação entre Memória Operacional e TDAH

Estudos da Universidade Estadual da Flórida apontam que entre 62% e 85% das crianças com TDAH apresentam algum tipo de déficit na memória operacional.

Isso significa que, mais do que dificuldade de foco, essas crianças enfrentam desafios para manter o raciocínio ativo e organizado enquanto pensam. Elas entendem o conteúdo, mas não conseguem manter todas as etapas em mente para aplicá-lo.

Pesquisas brasileiras da UNESP também mostram que esse déficit afeta diretamente leitura, escrita e cálculo, principalmente em tarefas que exigem lidar com várias informações ao mesmo tempo.

Compreender essa relação é essencial para promover inclusão real. Ser inclusivo não é tratar todos do mesmo jeito, mas entender como cada aluno aprende. No caso do aluno com TDAH, adaptar o ritmo, simplificar instruções e usar apoios visuais são estratégias que ajudam a fortalecer a memória operacional e a autoconfiança.

Estratégias práticas para estimular a Memória Operacional

A boa notícia é que a memória operacional pode ser treinada. Pesquisas da USP mostraram que atividades simples de treino cognitivo — como labirintos, jogos de sequência e desafios de raciocínio — melhoram o desempenho acadêmico, especialmente em leitura e matemática.

Por isso, mna sala de aula, o professor pode aplicar estratégias simples, como:

  • Jogos de sequência (“levanta, gira, bate palma e senta”);
  • Jogo da memória com descrição de figuras;
  • Leitura compartilhada e músicas com gestos;
  • Atividades que envolvam ritmo e repetição curta;
  • Reforço visual com esquemas e cartões.

Sendo assim, essas práticas ativam tanto a memória verbal quanto a visual e tornam o aprendizado mais leve e significativo. Quanto mais emoção e sentido a atividade tiver, mais o cérebro aprende e guarda.

Conclusão

A memória operacional é o alicerce da aprendizagem. Ou seja, é ela que permite à criança compreender, organizar e transformar o que aprende em ação. Quando o professor compreende esse processo, ele muda a forma de ensinar, amplia as possibilidades e constrói um ambiente onde todos podem aprender — cada um no seu ritmo, mas sempre com propósito.

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Cada criança é um mundo. Te preparamos para cada uma delas.

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