O que são Funções Executivas? Um Guia para Professores
Funções executivas: esse é o ponto-chave que você precisa entender para transformar sua prática em sala de aula. Mais do que um conceito da neuroeducação, elas são o alicerce de várias habilidades essenciais que seus alunos precisam para aprender, interagir e se desenvolver.
O que você vai encontrar neste artigo:
- O que são funções executivas?
- Como estimular as funções executivas?
- Seu aluno tem TDAH ou TEA? Então você precisa entender o que são funções executivas
- Como a memória de trabalho impacta diretamente a aprendizagem?
- Controle inibitório: uma das funções executivas essenciais para a autorregulação
- Você sabe o que é flexibilidade cognitiva?
- Avaliação psicopedagógica: como investigar as funções executivas na prática escolar?
- Conclusão
Estamos falando da capacidade de iniciar uma tarefa, mantê-la até o fim, controlar impulsos e adaptar estratégias quando necessário. Sendo assim, quando as funções executivas falham, o problema não é comportamento ou vontade, é estrutura cerebral em desenvolvimento, e isso exige do professor um novo olhar, baseado em empatia, ciência e estratégia.
Por isso, ao longo deste blog, você vai entender o que são essas funções, como identificar suas falhas e como aplicar estratégias eficazes que ajudam seus alunos a superarem dificuldades com mais autonomia e apoio.
O que são funções executivas?
As funções executivas funcionam como o comando central do cérebro e são fundamentais para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e comportamentais. Dessa forma, são elas que permitem à criança planejar, manter o foco, lembrar o que foi dito, controlar impulsos e adaptar-se a novas situações.
Por isso, quando essas funções não estão bem desenvolvidas, a criança tende a se distrair facilmente, esquecer instruções simples, ou parecer desorganizada, e isso, muitas vezes, é confundido com falta de vontade.
Mas atenção: não se trata de um problema de comportamento. A neurociência nos mostra que essas habilidades são construídas ao longo do tempo, com muita prática, e que seu desenvolvimento é mais intenso na primeira infância, entre 0 e 6 anos.
Ou seja, enquanto a criança aprende a segurar um lápis ou a esperar sua vez, seu cérebro está formando essas funções essenciais para a vida escolar e social.
Como estimular as funções executivas?
Nesse processo, o papel do professor é essencial. Estimular as funções executivas não exige ferramentas complexas, mas sim sensibilidade, rotina e vínculo. Abaixo, listamos algumas práticas simples e eficazes que você pode aplicar:
- Estabeleça uma rotina previsível e acolhedora;
- Proponha brincadeiras com regras e jogos de turno;
- Conte histórias que desafiem a memória e a atenção;
- Crie um ambiente que valorize o erro como parte do aprendizado;
- Use linguagem positiva e reforços visuais para organizar a sequência das tarefas.
Além disso lembre-se: a criança impulsiva não precisa de bronca, ela precisa de tempo, estratégias e adultos que compreendam o que está por trás do seu comportamento. Sendo assim, quando a escola oferece esse apoio, o processo de aprendizagem se torna mais leve, mais eficaz e muito mais inclusivo.
Seu aluno tem TDAH ou TEA? Então você precisa entender o que são funções executivas
Transtornos como TDAH e TEA estão fortemente ligados a falhas nas funções executivas. A criança até entende a atividade, mas não consegue seguir a ordem correta, controlar o impulso ou mudar de estratégia quando algo dá errado. Isso não tem a ver com a inteligência, e sim com o funcionamento do cérebro.
Estudos do Núcleo Ciência Pela Infância mostram que o córtex pré-frontal é altamente sensível ao ambiente. Estresse, tristeza, negligência e falta de sono podem comprometer o desenvolvimento das funções executivas. Mas também é possível fortalecer essas habilidades com estimulação adequada.
Por isso, a pergunta certa passa a ser: “O que esse cérebro está aprendendo a fazer? Como posso ajudar nesse processo?”
Como a memória de trabalho impacta diretamente a aprendizagem?
A memória de trabalho é uma das funções executivas mais importantes para a aprendizagem. Portanto, ela funciona como um bloco de anotações mental, onde a criança guarda informações temporárias por alguns segundos, o suficiente para usá-las em uma tarefa imediata.
Quando essa função falha, a informação se perde rapidamente. Por isso, mesmo prestando atenção, a criança parece “esquecer” o que acabou de ouvir ou ler. E isso, infelizmente, ainda é confundido com distração ou desinteresse.
Sendo assim, para apoiar alunos com dificuldades na memória de trabalho, o professor pode adaptar sua forma de ensinar. Veja algumas estratégias simples que funcionam:
- Divida as tarefas em etapas pequenas e objetivas;
- Use frases curtas e diretas ao dar instruções;
- Reforce instruções com imagens, cores e ícones visuais;
- Repita as orientações em voz alta e valide com perguntas simples;
- Crie espaços de apoio na sala para os alunos consultarem o que foi pedido.
Controle inibitório: uma das funções executivas essenciais para a autorregulação
O controle inibitório também é uma das funções executivas mais importantes no processo de aprendizagem. Ele é responsável por ajudar a criança a pensar antes de agir, controlar impulsos e respeitar limites.
Logo, quando essa função ainda está em desenvolvimento, o que se vê são comportamentos como levantar a todo momento, falar fora de hora ou reagir com impaciência. Além disso, esse tipo de questão é uma dificuldade neurológica real, e para ajudar a desenvolver o controle inibitório, o professor pode aplicar algumas estratégias:
- Estabeleça rotinas claras e previsíveis;
- Use linguagem positiva e instruções afirmativas (“caminhe” em vez de “não corra”);
- Crie combinados com a turma e retome-os diariamente;
- Ensine a nomear as emoções antes de reagir;
- Crie momentos para a criança parar, respirar e se reorganizar.
Desse modo, quando o professor entende que o controle inibitório é uma habilidade que se constrói, a abordagem muda, e ato de educar passa a ser conduzir com consciência, com afeto e com propósito. E é essa mudança que transforma comportamentos e promove o desenvolvimento pleno da criança.
Você sabe o que é flexibilidade cognitiva?
A flexibilidade cognitiva, é uma outra função executiva essencial, pois é a capacidade de mudar de plano, aceitar novas regras, tentar novas estratégias. Sendo assim, quando essa habilidade falha, a criança se frustra, chora, não aceita mudanças.
Para estimular essa função, use rotinas visuais, antecipe mudanças, verbalize o novo plano e proponha brincadeiras com regras mutáveis. Tudo isso ajuda a preparar o cérebro para lidar com imprevistos Flexibilizar o pensamento é preparar para a vida, afinal na vida real, os planos mudam o tempo todo.
Avaliação psicopedagógica: como investigar as funções executivas na prática escolar?
A avaliação das funções executivas é uma etapa essencial no processo de compreender o que está por trás de muitos comportamentos e dificuldades de aprendizagem. Portanto, mais do que olhar apenas para notas ou desempenho acadêmico, essa avaliação busca entender como a criança pensa, organiza suas ações, lida com suas emoções e se adapta às mudanças do ambiente.
Nesse sentido, esse tipo de avaliação precisa ser cuidadosa, contextualizada e baseada em múltiplas fontes de informação. Por isso, é importante seguir algumas etapas fundamentais:
- Escuta qualificada: entender a história da criança por meio de uma anamnese bem feita;
- Entrevistas com pais e professores: observar as rotinas e desafios relatados por quem convive com ela diariamente;
- Observação direta: analisar comportamentos, reações e estratégias usadas pela criança em diferentes contextos;
- Aplicação de instrumentos específicos: como o Inventário de Funcionamento Executivo para Pré-escolares, que oferece um panorama sobre controle inibitório, flexibilidade, planejamento e memória de trabalho.
O mais importante é que a avaliação não se encerre em um relatório. Ela precisa se transformar em práticas pedagógicas reais. É nesse momento que o professor assume um papel central, ajustando o ambiente, adaptando a rotina, oferecendo suporte visual e emocional e criando oportunidades para que a criança desenvolva seu potencial.
Conclusão
Por trás de muitos desafios escolares, estão processos neurológicos que precisam ser compreendidos, não punidos. Quando você entende as funções executivas, você muda seu olhar. E quando o olhar muda, a prática muda, e claro, o resultado também.
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