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5 Passos para leitura e interpretação do desenho infantil

Todos nós sabemos que a alfabetização é um processo crucial para o desenvolvimento dos alunos. No entanto, existem outras ações, no contexto da aprendizagem, que também são tão importantes quanto. O grafismo, por exemplo, reflete consideravelmente no desempenho da criança, sobretudo nos primeiros anos da escolarização. Com isso, torna-se indispensável um trabalho interessante realizado pelos educadores: a interpretação do desenho infantil.

Afinal, o que isso tem a ver com a educação?

Muitas coisas, principalmente no aspecto cognitivo. Pesquisas já revelaram que o desenho feito pelas crianças é responsável por representar o compromisso entre suas intenções narrativas e seus meios, considerando cada etapa do desenvolvimento das atitudes intelectuais, perceptivas e motoras dos alunos (GRUBITS, 2003).

Além disso, a maneira que a criança desenha também diz respeito à evolução de seu progresso visual. Deve-se ressaltar que esses rabiscos, aparentemente desordenados, são formas de expressão que os pequenos conseguem transpor para o papel.

O que é preciso para a leitura e a interpretação do desenho infantil?

Um dos desafios impostos aos educadores é justamente decifrar os traços desenvolvidos pela criança, saber o que significa, o que eles têm a falar. Os professores podem descobrir por meio de algumas orientações que a pesquisadora Nicole Bédard já elucidou em seu livro Como Interpretar os Desenhos das Crianças (Editora Isis, 1998). Ela apresenta meios para a compreensão dos desenhos, são eles:

A posição do desenho: o local na folha em que a criança decide desenvolver seus traços revela as intenções que ela tem ao expô-los. Quando o desenho está na parte superior do papel, o pequeno relaciona a algo ligado à imaginação, à intenção de obter novas descobertas e ao seu intelecto. Já na parte mais abaixo, o aluno tem o objetivo de retratar as necessidades materiais e até físicas. O lado esquerdo está relacionado a pensamentos do passado; e o direito ao futuro.

As dimensões do desenho: o tamanho da ilustração tende a mostrar alguma faceta da personalidade da criança. Quando o traçado é grande, o aluno demonstra sua posição de segurança. No entanto, pode ser também uma forma de o pequeno querer compensar a falta de atenção. “A mensagem neste caso seria: ‘olha, eu também existo!’” (BÉDARD, 1998). Por outro lado, quando o desenho tem dimensões menores, a criança não necessita de muito espaço e pode preferir ficar mais quietinha, embora não dispense companhia em alguns momentos.

– Os traços do desenho: através da sequência do traçado é possível observar detalhes internos dos alunos. Traços contínuos: indica perfil dócil e harmônico; personalidade que respeita o ambiente e preza pelo bem-estar. Traços manchados ou cortados: nesse caso, há uma insegurança latente, medo de mudanças. Traços oblíquos: eles demonstram que a criança tem vigor, força e obstinação.

– A pressão do desenho: quando o aluno traça o desenho de maneira forte, isso pode revelar entusiasmo e vontade, de acordo com Bédard (1998). Ainda assim, quanto mais força ele exerce sobre o traçado, maior pode ser a agressividade. Por outro lado, aqueles que desenham de forma mais leve (relativo à pressão exercida) tendem a ser menos convictos ou estar passando por situações de cansaço físico.

– As cores do desenho: a disposição das cores merece uma atenção maior, não que os outros tópicos sejam menos importantes, mas pelo fato de a simbologia delas pender para interpretações positiva e negativa. Vermelho: muita energia ou até mesmo situações de agressividade (não é uma regra necessariamente); laranja: necessidade de contato social; amarelo: alegria de viver e curiosidade; verde: maturidade; azul: harmonia e tranquilidade; introversão; preto: inconsciente; rosa: capacidade de adaptação; marrom: estabilidade; cinza: falta de segurança e possibilidade de ser influenciável.

A criança sempre usa as cores que deseja?

Nem sempre. De acordo com pesquisas, quando o pequeno escolhe alguma cor, muitas vezes não é aquela a qual ele desejava. Segundo Pereira e Silva (2011), o educador deve questionar os motivos que o levaram a escolher a tonalidade e saber o significado dessa atribuição. Embora seja uma atividade aparentemente lúdica, essa tarefa (de colorir) é ideal para que a criança desenvolva traços e formas que correspondam ao ambiente que ela está inserida.

Fontes:

BÉDARD, Nicole. Como interpretar os desenhos das crianças. Québec: ISIS, 1998.

GRUBITS, Sônia. A casa: cultura e sociedade na expressão do desenho infantil. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 8, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722003000300012. Acesso em: 16 jun. 2020.

PEREIRA, C.C.S; SILVA, M. K. Grafismo infantil: leitura e desenvolvimento. UNESP, 2011. Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/handle/123456789/449. Acesso em: 16 jun. 2020.

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