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O ensino da Libras como forma de educação inclusiva

Olá, professores!

Primeiramente, quando se fala em educação inclusiva, as ideias de adaptação e adequação são sempre lembradas, uma vez que cada aluno tem o direito de receber uma educação devida e que proporcione a oportunidade de se desenvolver pedagógica e socialmente. Dessa forma, a Declaração de Salamanca (1994) estabeleceu o compromisso que a escola deve assumir ao educar as crianças a partir da pedagogia da diversidade, levando-se em conta que todos os alunos devem estar em uma escola regular, independente de sua etnia, língua ou classe social.

Além disso, a premissa da educação inclusiva é a de reunir em uma sala de aula alunos de todos os tipos para que a escola encontre soluções frente às possíveis dificuldades. Com isso, tem-se a intenção de propiciar um ambiente que seja suficiente para a promoção de um bom desenvolvimento acadêmico e social.

O ensino da Libras é aconselhável para a promoção da educação inclusiva?

Em se tratando de professores, o ensino da Libras é um importante passo, principalmente porque os educadores ouvintes terão a oportunidade de conhecer e, gradualmente, dominar os gestos que compõem o canal viso-gestual. No entanto, é importante que isso faça parte da capacitação dos educadores a fim que eles estejam preparados para receber os alunos surdos com seus desafios diários.

Por outro lado, nota-se um déficit considerável por parte de muitas escolas, uma vez que os professores não encontram disponibilidade para se dedicarem a um curso, por exemplo. Aliás, existem muitas questões que devem ser analisadas para a concretização de uma educação que seja realmente inclusiva.

Mas como é a realidade?  

Na verdade, a situação se mostra mais séria quando olhamos para a prática e os resultados observados entre alunos surdos e ouvintes. Ou seja, muitos estudiosos já evidenciaram pesquisas realizadas no contexto pedagógico e concluíram que o desempenho em determinadas competências e habilidades podem ficar bem defasadas.

Dessa forma, alguns pesquisadores ressaltam que a criança surda não compartilha uma língua com seus professores e colegas de sala. Além disso, tal situação é responsável por caracterizar um cenário de desigualdade linguística no contexto educacional e social do pequeno. Em outras palavras, a escolarização deve ser considerada a partir dos gargalos que podem ser notados com as diferenças presentes na sala de aula.

Lacerda (1998) ressalta ainda que a educação voltada para os surdos apresenta-se como uma questão inquietante, pois diferentes práticas realizadas pelas escolas podem não surtir o efeito esperado. Como consequência, observa-se que há limitações, ocasionando em uma clara dificuldade da criança na leitura e na escrita, além de não ter domínio dos conteúdos acadêmico ao final da escolarização básica. Por isso, o ensino da Libras deve ser levado com extrema seriedade e urgência.

A presença de intérprete de Libras é suficiente para a inclusão?

Infelizmente, a resposta é não. Embora a presença do intérprete seja indispensável para que se faça a tradução e a mediação dos conteúdos ensinados em sala, o ambiente ideal para que a criança surda saia do ambiente pedagógico bem orientada depende de outros fatores, a saber: adequação curricular, aspectos didáticos e metodológicos, conhecimentos sobre a surdez e sobre a língua de sinais, entre outros. (LACERDA, 2006).

Além disso, a presença de intérpretes de Libras não faz parte da realidade de muitos alunos. Inclusive, a situação das pequenas e médias cidades brasileiras tende a ser mais séria com a falta de pessoal capacitado que possa exercer essa importante missão de tradução e mediação entre professores, colegas, conteúdos e a própria criança.

Então, qual seria a solução para a educação inclusiva de crianças surdas?

Antecipadamente, o modelo de educação bilíngue. Afinal, ele considera o canal viso-gestual de grande importância para a aquisição de linguagem do aluno surdo. Com isso, a proposta é que sejam ensinadas duas línguas: a de sinais e a dos ouvintes (que compõem o grupo majoritário). Por fim, o aprendizado da Libras por pessoas ouvintes, a capacitação de professores, a abertura de mais espaço para intérpretes e a efetivação da educação bilíngue seria uma excelente oportunidade de uma educação inclusiva.

Referências

LACERDA, C.B.F. de. Um pouco da história das diferentes abordagens na educação dos surdos. Caderno CEDES, Campinas, v. 19, n. 46, 1998.

LACERDA, C.B.F. de. A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência. Caderno CEDES, Campinas, v. 26, n. 69, 2006.

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