Professores terão que mudar seu jeito de ensinar depois da pandemia
A pandemia do novo coronavírus mudou o curso normal das coisas. Também irá mudar o jeito de ensinar. Nenhuma relação interpessoal está imune aos recentes formatos adotados para nossos futuros comportamentos, seja na família, no trabalho ou em qualquer situação onde o contato com o outro se faz necessário.
Pensando nisso, é preciso estabelecer maneiras flexíveis na atuação em sala de aula. Afinal, como tornar possível o ensinamento em um momento no qual o isolamento social é estimulado e preciso? Diante deste chamado ‘novo normal’, chegou a hora de todos os educadores se juntarem para decidir qual jeito de ensinar é o mais adequado.
O ambiente virtual é eficaz?
Na última década, muitas instituições passaram a ministrar determinadas atividades por meio de ferramentas tecnológicas. Essa forma de ensinar é responsável por promover uma nova configuração do fazer pedagógico. Além disso, existem estudos que mostram como o aspecto da territorialidade pode ser influenciado com a transferência de algumas tarefas presenciais para o molde observado por meio das tecnologias de informação e comunicação.
Valente e Almeida (2014) afirmam que o “desenvolvimento do currículo se expande para além das fronteiras espaços-temporais da sala de aula e das instituições educativas (…); estabelece ligações com os diferentes espaços do saber e acontecimentos do cotidiano”.
Quais os possíveis desafios a serem encontrados pelos professores?
Como tudo isso pode ser novo para muitas escolas e profissionais, o novo formato de dar aulas e aplicar atividades tende a gerar algumas situações no momento de estabelecer alguns tópicos curriculares. O significado disso é que a complexidade por trás disso requer uma análise aprofundada sobre as demandas de cada aluno; assim como as motivações profundas das crianças diante do aprendizado e das atividades direcionadas a elas.
De acordo com Moran (2013), os educadores podem ser mobilizados a um aprendizado maior diante desse desafio. Os professores são induzidos a observarem com profundidade os percursos mais adequados para sua realidade como profissional, além do que é vivenciado por seus alunos. A combinação de atividades grupais e pessoais “de aprendizagem cooperativa e competitiva, de aprendizagem tutorada e autônoma, com tecnologias próximas da vida dos alunos.”
O pesquisador ainda relata que quanto maior a oferta de tecnologias móveis, um jeito de ensinar mais abrangente deve ser a preocupação dos professores em relação ao planejamento das atividades para as turmas, para cada grupo e, por fim, para cada aluno. Para isso, é importante que haja a disponibilização de materiais didáticos que sejam bem elaborados.
Qual a metodologia adequada?
Falar sobre a melhor metodologia requer muita cautela, uma vez que a necessidade de um grupo de alunos pode ser diferente da que é vista em outro, por exemplo. Somente o corpo docente de sua escola, junto com a direção, sabe quais os métodos que podem ser adotados para as crianças da instituição. De qualquer forma, equilibrar as atividades com orientação pedagógica é sempre o melhor caminho, seja na modalidade presencial ou a distância.
Existe a possibilidade de o ensino presencial ser extinto?
Não. O ensino e a aprendizagem presencial para crianças são necessários porque elas precisam da orientação dos professores, algo que a tecnologia pode oferecer para cursos a distância voltado a adultos, mas que não se aplica às fases anteriores, correntes e posteriores à alfabetização infantil.
Além disso, a interação social é parte da construção do indivíduo. Obviamente que os relacionamentos interpessoais serão pensados e repensados na pós-pandemia, mas as formas para tal situação ainda são uma incógnita. No entanto, falar em fim da modalidade presencial é uma temeridade e algo impreciso. O que se deve analisar neste momento é a flexibilização do ensino como uma alternativa possível para o futuro da educação, até mesmo porque as realidades são várias.
Fontes:
MORAN, José. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda, São Paulo: USP, 2013. Disponível em: http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2013/12/metodologias_moran1.pdf. Acesso em: 22 maio 2020.
VALENTE, José Armando; ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Narrativas digitais e o estudo de contextos de aprendizagem. Em Rede – Revista de Educação a Distância, Porto Alegre, v. 1, n. 1, 2014.