Importância da contação de histórias para crianças com TDAH
Ensinar para alunos com TDAH pode exigir o máximo de todos vocês, mas isso também é um aprendizado incontestável. Dentre as várias técnicas que ajudam as crianças a fixarem as informações e se desenvolverem de maneira proveitosa na sala de aula é através da contação de histórias. O que parecia uma atividade completamente descompromissada e sem muita relevância para o tratamento de um transtorno tem se revelado promissor e eficaz. Saibam os motivos abaixo.
Como a contação de histórias influencia o desempenho de alunos com TDAH?
A infância é um dos momentos mais ricos em imaginação. As crianças tendem a ter muitos benefícios a partir dessa habilidade, pois o ato de imaginar as coisas favorece consideravelmente o desenvolvimento psíquico, psicopedagógico e cognitivo dos pequenos.
O papel da contação de histórias na vida do aluno começa a se desenvolver no momento em que há a interação humana a partir de uma mediação simbólica. Isso significa que a criança passa a transitar na cultura semiótica, considerando que ela é permeada por signos desde a tenra idade. Para que haja aprendizado e desenvolvimento durante esse processo, é necessário que se tenha a mediação a partir dos signos.
A eficácia de tal ato está também na experiência vivenciada pelo aluno com TDAH em uma turma onde os professores estão empenhados em estimular sua imaginação através da linguagem com a mediação entrelaçada.
Inclusive, existem vários estudos que endossam a importância da imaginação na vida da criança. De acordo com Pino (2006 apud Peres et al, 2018), toda produção que seja humana, material e simbólica é constituída a partir das produções imaginárias.
Em outras palavras, é como se a natureza criativa fosse sempre precedida pela atividade imaginativa, o que possibilita dizer que a condição humana é constituída a partir do processo imaginário. Já para Vigotsky (2004 apud Peres et al, 2018), a imaginação é base da atividade criadora e manifesta-se nos campos da vida cultural, tornando possível a criação artística e científica.
Que outros benefícios podem ser observados por meio da contação de histórias?
Além do que vocês viram acima, o ato de contar histórias contribui para a ampliação do raciocínio e da criatividade em alunos com TDAH. Quem já lecionou para uma criança que manifesta seus sintomas deve saber que atrair a atenção dela aos conteúdos exibidos em sala de aula é um desafio.
Portanto, quando os educadores utilizam a contação de histórias como uma técnica de ensino, os pequenos têm muito a aprender. Vigotsky (2007 apud Peres et al, 2018) afirma que a criança necessita da atividade reprodutiva para elaborar a atividade criadora, pois, quando ela brinca, não apenas recorda as experiências vivenciadas, mas as reelabora de forma criativa. Quando colocadas diante de um adulto que consiga orientar uma tarefa dessas, os alunos com TDAH têm grandes chances de desenvolver todas essas habilidades.
Em que espaços a contação pode ser realizada?
Há casos e casos. Cada escola tem uma estrutura determinada. O aconselhável é que no momento da contação, a tarefa seja realizada em um ambiente próprio para tal finalidade: a biblioteca escolar.
O espaço é ideal para tal finalidade, uma vez que o local é cheio de outros livros infantis, decoração bastante colorida e toda a estrutura necessária para entreter as crianças. Se a biblioteca não for adequada, a sala de aula também pode ser usada, basta que a criatividade ganhe destaque.
Os bibliotecários e seus auxiliares são excelentes participantes em todo esse processo. Muitas vezes, a realização da atividade de contar histórias fica a cargo deles. No entanto, vocês também podem se inspirar e serem os responsáveis por essa tarefa extremamente rica na vida dos alunos com TDAH.
Quer aprender mais sobre contação de histórias e musicalização na educação infantil? > Clique aqui < e conheça o nosso curso online e completo, com certificado.
Fonte:PERES, Silvana Goulart; NAVES, Renata Magalhães; BORGES, Fabrícia Teixeira. Recursos simbólicos e imaginação no contexto da contação de histórias. Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo, v. 22, n. 1, jan./abr. 2018, p. 151-161.