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Altas habilidades e autismo: o que você precisa entender?

Muitos professores já passaram por essa situação: encontrar um aluno extremamente inteligente, que aprende rápido, mas que apresenta dificuldades em se relacionar com os colegas. Surge então a dúvida: será que é altas habilidades ou é autismo? Essa dúvida é mais comum do que parece e pode impactar diretamente na forma como a escola acolhe e apoia cada criança.

Neste blog você vai entender quais são as diferenças entre altas habilidades e autismo, o que significa quando os dois aparecem juntos — a chamada dupla excepcionalidade — e quais estratégias práticas podem transformar a sala de aula em um espaço inclusivo e de reconhecimento para todos.

Altas habilidades e autismo: como diferenciar na prática

Nas altas habilidades, a criança apresenta um potencial acima da média em áreas como matemática, linguagem, artes, esportes ou liderança. Já no autismo, os sinais mais marcantes estão relacionados às dificuldades de socialização, comunicação, necessidade de rotina ou interesses muito restritos.

Logo, um exemplo simples que ajuda a visualizar isso seria:

  • Uma criança que inventa diferentes maneiras de resolver um problema matemático demonstra criatividade e busca de novos desafios, características ligadas às altas habilidades.
  • Já outra criança que também ama números, mas só quer falar sobre isso, se irrita quando o assunto muda e tem dificuldade de conversar sobre outros temas, apresenta traços muito mais associados ao autismo.

Percebe a diferença? Nos dois casos existe inteligência acima da média, mas a forma de se relacionar com o conhecimento e com as pessoas é distinta.

Essa distinção é confirmada por pesquisas. Um estudo brasileiro publicado em 2024 na revista Trajetória Multicursos, chamado “Altas Habilidades/Superdotação e Autismo: um estudo de caso sobre a inclusão de alunos com características singulares”, mostrou que muitas vezes esses alunos ficam invisíveis na escola porque não há clareza sobre seus perfis.

O que são altas habilidades e superdotação?

Embora muita gente use os termos como sinônimos, altas habilidades e superdotação não são a mesma coisa.

  • Altas habilidades: conjunto de capacidades que aparecem em diferentes áreas, como curiosidade intensa, pensamento crítico, criatividade e persistência.
  • Superdotação: expressão mais evidente desse potencial, quando o desempenho da criança é muito acima da média e se destaca de forma consistente.

Um aluno com altas habilidades em linguagem, por exemplo, pode gostar de inventar histórias elaboradas e cheias de detalhes. Mas se, além disso, domina regras avançadas de escrita, lê com fluência muito acima da série e produz textos de alto nível, esse é um sinal claro de superdotação.

Desse modo, vale destacar que nem toda criança com altas habilidades será superdotada. Ou seja, reconhecer isso evita que muitos talentos sejam ignorados ou mal compreendidos.

Quando altas habilidades e autismo aparecem juntos

Existe uma situação ainda mais desafiadora: quando uma criança apresenta altas habilidades e autismo ao mesmo tempo. Esse fenômeno é conhecido como dupla excepcionalidade.

Um estudo de 2021, publicado na revista O Saber pela pesquisadora Geisse Martins, descreveu um estudante autista com memória impressionante e curiosidade insaciável. Mesmo quando era enviado para a biblioteca como forma de “punição”, ele transformava aquele tempo em oportunidade de aprendizagem, explorando enciclopédias e até construindo um anemômetro para medir o vento.

Logo, esse caso mostra o risco de olhar apenas para um dos lados. Se a escola foca só no talento, esquece das dificuldades sociais; se olha apenas para as dificuldades, apaga o potencial. O equilíbrio é a chave: oferecer desafios reais, mas também apoio estruturado para socialização e rotina.

Mitos sobre altas habilidades e autismo que atrapalham a inclusão

Existem muitos equívocos que ainda confundem professores e famílias. Entre eles estão por exemplo:

  • “Se é muito inteligente, não pode ser autista.” – Mito. É possível sim ter TEA e altas habilidades.
  • “Todo superdotado tira notas altas em tudo.” – Mito. O aluno pode ser brilhante em uma área e ter dificuldades em outra.
  • “Quem tem altas habilidades não precisa de apoio.” – Mito. Sem suporte, o talento pode se perder na desmotivação.
  • “Se é diferente, só pode ser autista.” – Mito. Nem toda criança fora do padrão é autista.
  • “Dar apoio atrapalha o talento.” – Mito. O apoio pedagógico adequado fortalece autonomia e potencializa o desenvolvimento.

Quando superamos esses mitos, conseguimos enxergar a criança de forma integral, com suas forças e necessidades.

Cinco estratégias práticas para incluir alunos com altas habilidades e autismo

  1. Proponha desafios reais e estruturados – troque atividades repetitivas por problemas abertos, projetos de pesquisa e programação, sempre dentro de rotinas claras.
  2. Use os interesses como ponte – aproveite temas preferidos (como dinossauros ou astronomia) para engajar em leitura, escrita ou ciências.
  3. Planeje a socialização – organize pares e trios estratégicos para que o aluno ensine, aprenda e desenvolva habilidades de convivência.
  4. Registre e compartilhe avanços – anote, fotografe e documente progressos; isso fortalece a parceria com a família.
  5. Apoie sem apagar o brilho – reconheça o talento, mas dê suporte para dificuldades sociais, cognitivas e sensoriais.

Conclusão

Compreender a diferença entre altas habilidades e autismo é essencial para que a escola não invisibilize talentos nem ignore dificuldades. Reconhecer também a dupla excepcionalidade permite equilibrar apoio e desafio, favorecendo o desenvolvimento pleno da criança.

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Cada criança é um mundo. Te preparamos para cada uma delas.

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