Como trabalhar com alunos superdotados?
Olá, professores!
Inicialmente, vocês já devem ter ouvido falar sobre alunos superdotados. Inclusive, é possível que algumas dessas crianças já tenham passado por suas turmas. Assim sendo, a presença de crianças que demonstrem capacidade acima da média pode ser algo que instiga as ações pedagógicas e estratégicas no exercício de lecionar.
No entanto, nota-se ainda o desconhecimento por parte de muitos educadores. Para tanto, os profissionais podem encontrar o respaldo necessário para obterem o embasamento que vá possibilitar um trabalho fundamentado e eficiente a essas crianças.
Como trabalhar com alunos superdotados?
A princípio, o passo inicial consiste em identificar que a criança é superdotada. A partir desse reconhecimento, o professor deve basear sua metodologia no programa utilizado pela escola para o ensino de superdotação. Dessa forma, a instituição precisa ter estabelecida a política de atendimento que adote alguma ação estratégica que seja eficaz para a demanda do aluno em questão.
Portanto, existem práticas educacionais voltadas para as necessidades dos superdotados, como os programas de enriquecimento, a aceleração, a modificação do currículo e a diferenciação curricular. Assim sendo, as atividades de enriquecimento enfocam o desenvolvimento do aluno por meio de tarefas realizadas de forma individual (por meio de um acompanhamento criterioso por parte dos pedagogos).
Além disso, a aceleração permite que o aluno realize uma mobilidade curricular a partir das matérias que ele domina. Em outras palavras, o pequeno segue seu próprio ritmo. Aliás, a diferenciação e a modificação fazem com que a criança tenha seus interesses individuais atendidos, dentro do contexto acadêmico.
No entanto, é necessário atentar-se para o fato de muitos professores ainda desconhecerem as ações voltadas para a superdotação. Nesse caso, é imprescindível que haja uma atenção dos educadores quanto às características mostradas pela criança.
Como pode ser definida a superdotação?
De acordo com alguns programas brasileiros voltados ao tema, a definição adotada é a seguinte: as crianças superdotadas e talentosas são aquelas que demonstram notável desempenho e grande potencialidade em determinados aspectos, estando eles isolados ou combinados. São eles:
– aptidão acadêmica específica; capacidade intelectual superior, capacidade para liderança, tendência criativa e produtiva, desenvolvimento psicomotor acima da média, capacidade diferenciada para as artes visuais e artes dramáticas e talento para a música.
Todas essas habilidades em caráter especial, ou seja, em um patamar acima dos demais colegas. (MAIA-PINTO; FLEITH, 2004)
Com isso, é preciso estabelecer formas que busquem ao melhor trabalho para oferecer a esses alunos. Segundo o Censo Escolar de 2016, a estimativa é que haja, em média, 16 mil crianças superdotadas no Brasil (Portal MEC, 2018). Além disso, outros estudos revelam que a definição para a superdotação é a de um “construto psicológico a ser inferido a partir de uma constelação de traços ou características de uma pessoa” (ALENCAR; FLEITH, 2001 apud MAIA-PINTO; FLEITH, 2004).
Aliás, para facilitar a definição, estudos indicam a existência dos três-anéis, uma concepção defendida e evidenciada por Joseph Renzulli. De acordo com a análise do psicólogo, há o entrelaçamento de três fatores que são responsáveis pela identificação de comportamentos de superdotação: habilidade acima da média, envolvimento com a tarefa e criatividade.
– Habilidade acima da média: o primeiro fator relaciona as habilidades gerais com o processamento de informações; uso de experiências para possibilitar adaptações a novas situações; capacidade para adquirir conhecimentos;
– Envolvimento com a tarefa: motivação, autoconfiança, persistência, dedicação, entre outros fatores;
– Criatividade: curiosidade, sensibilidade para novas descobertas, originalidade de pensamento e fluência.
A criança superdotada se desenvolve sozinha?
Na verdade, não. Se a criança não for devidamente acompanhada, por professores e especialistas, suas habilidades podem não ser bem trabalhadas, o que interfere bastante no desenvolvimento do pequeno. Com isso, ela não pode desempenhar suas competências sociais e pedagógicas sem que haja o suporte dos adultos.
Por fim, vale reiterar que a escola deve proporcionar um ambiente que também seja atrativo para a criança. Uma vez estimulada, ela pode encontrar os caminhos necessários para um futuro profissional e acadêmico promissor.
Referências
MAIA-PINTO, Renata Rodrigues; FLEITH, Denise de Souza. Avaliação das práticas educacionais de um programa de atendimento a alunos superdotados e talentosos. Psicologia Escolar e Educacional, Campinas, v.8, n.1, 2004.
MAIA-PINTO, Renata Rodrigues; FLEITH, Denise de Souza. Percepções de professores sobre alunos superdotados. Estudos de Psicologia, Campinas, v.19, n.1, 2002.
Portal Ministério da Educação, jan. 2018. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=58941:cadastro-nacional-de-superdotados-fornecera-dados-para-a-formulacao-de-politicas-publicas