O Transtorno do Espectro do Autismo e a desordem no neurodesenvolvimento
Ter algum aluno com TEA (Transtorno do Espectro do Autismo) é uma realidade cada vez mais vivenciada por quem trabalha com educação. Os avanços das pesquisas permitem que exames e diagnósticos sejam realizados com frequência considerável. Isso significa que existe a possibilidade de, um dia, todos vocês lidarem com alguma criança que convive com autismo. A experiência é enriquecedora de ambos os lados.
O que muitos educadores ainda precisam saber com mais clareza é que o Transtorno do Espectro do Autismo causa desordem no neurodesenvolvimento. O resultado disso é o déficit em determinadas habilidades, principalmente aquelas que estão ligadas a aspectos importantes à autonomia do aluno em seu percurso pedagógico e em desafios da vida social.
Por que o autismo causa desordem no neurodesenvolvimento?
O TEA está incluído no grupo dos transtornos de neurodesenvolvimento, que são denominados Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGDs), além de serem conhecidos também por Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID). O ponto em comum neste grupo é a relação de sintomas envolvidos e que impactam o neurodesenvolvimento da criança. As áreas afetadas são as seguintes:
– Déficits em habilidades sociais,
– A comunicação (sendo ela verbal ou não-verbal);
– Presença de comportamentos, interesses ou atividades que são restritas, repetitivos e estereotipados.
É importante considerar que a Síndrome de Asperger, o Transtorno Desintegrativo da Infância e a Síndrome de Rett também fazem parte deste grupo de transtornos do neurodesenvolvimento.
Qual a origem do Transtorno do Espectro do Autismo?
Estudos sugerem que o autismo seja proveniente de disfunções ocorridas no sistema nervoso central. Isso gera uma desordem no padrão de desenvolvimento do pequeno. Inclusive, outras pesquisas já constataram anormalidades no cérebro de pessoas com autismo.
Em investigações realizadas por pesquisadores, as análises de neuroimagem e de autópsia identificaram tamanhos anormais das amígdalas, corpo caloso, hipocampos, desenvolvimento atrofiado dos neurônios do sistema límbico. Além disso, destacaram-se também a maturação atrasada do córtex frontal, padrões variados de baixa atividade em regiões cerebrais diversas, etc.
Embora a ciência tenha mostrado sua contribuição para novas descobertas, pesquisadores chegam ao consenso de que não é possível ainda determinar aspectos biológico, ambiental, ou que venha da interação destes, que possa contribuir para a manifestação de tal transtorno.
Existem comorbidades? Quais são?
Sim, o autismo pode vir acompanhado de condições cujas consequências também necessitem de tratamentos com profissionais da saúde e de outras áreas, incluindo vocês da educação.
Imaginem que um aluno com autismo possa apresentar problemas sensoriais, sendo eles a hipo ou a hipersensibilidade a determinados estímulos: o visual, o olfativo, o sonoro, o gustativo e o tátil. As crianças tendem a demonstrar um alto limiar para dor.
Transtornos depressivos e ansiedade podem ser percebidos, mas as comorbidades do autismo não terminam por aqui. Problemas comportamentais são bastante relatados por pais de crianças com TEA, são eles: hiperatividade, impulsividade, momentos de agressividade, acessos de raiva, dificuldade para manter atenção, etc.
Paralisia cerebral, Síndrome de Down, Síndrome de Tourette, retardo mental; problemas gastrointestinais, auditivos (como otite) são recorrentes em muitas crianças que recebem o diagnóstico de TEA.
Quais os desafios dos professores?
Diante da heterogeneidade dos alunos em uma sala de aula, os educadores precisam saber a como lidarem com as peculiaridades de cada um, inclusive da criança que convive com o autismo. No entanto, o que se nota é a preocupação de escolas e professores quanto à capacitação profissional acerca da implementação de programas de intervenção e práticas que possam aperfeiçoar o trabalho em sala de aula.
O diagnóstico tardio é um detalhe que precisa ser observado, pois ele tende a influenciar o comportamento da criança. Quanto mais cedo a família souber sobre a situação da criança, mais eficazes serão as intervenções.
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Fonte: SILVA, Micheline; MULICK, James A. Diagnosticando o transtorno autista: aspectos fundamentais e considerações práticas. Psicologia: ciência e profissão, Brasília, v. 29, n. 1, 2009.