Benefícios da musicalização no desenvolvimento cerebral da criança
Você sabia que a musicalização na Educação Infantil tem benefícios importantes para os pequenos? Isso porque ela estimula praticamente todas as áreas da mente em formação, bem além da audição.
Se considerarmos que os primeiros seis anos de vida são os mais cruciais para o desenvolvimento cerebral, as aulas de música ganham então uma nova dimensão: se tornam uma ferramenta eficaz para que a criança se desenvolva em sua totalidade.
Confira abaixo alguns dos benefícios da musicalização!
Aprender música força o cérebro todo a trabalhar
Quando um professor ensina uma nova música aos alunos e marca com palmas o ritmo, por exemplo, o lobo temporal, uma das regiões responsáveis pela memória, é ativado pela dica auditiva, e o lobo occipital também responde ao reforço visual do gesto. A inclusão de mais ações e tarefas relacionadas à música, que ocorre conforme o aprendizado evolui, registra a memória da música no córtex cerebral e também envolve áreas também relacionadas ao aprendizado motor.
Além disso, aprender música equilibra os hemisférios direito e esquerdo do cérebro. Experimentos clássicos realizados entre os anos 1970 e 1990 demonstram que a maioria das pessoas processa a música no hemisfério direito do cérebro, enquanto o processamento de linguagem, leitura, lógica e matemática, que são áreas estimuladas pelo ensino tradicional, se localiza no hemisfério direito do cérebro.
A experiência sensorial da musicalização pode compensar este viés, e fazer com que a criança desenvolva seu lado lógico e produtivo sem deixar de estimular a criatividade.
Ouvir e entender música ajuda a formar novos neurônios
Alguns estudos em animais indicam que ouvir música pode estimular a neurogênese, isto é, a formação de novos neurônios. Embora eles ainda não tenham sido feitos em humanos, a ciência há tempos estuda o efeito da música na formação de conexões cerebrais. Em exames de imagem, o cérebro de quem aprende música desde cedo tende a ter uma estrutura diferente ao de quem não teve contato com a educação musical. Um dos principais destaques aqui vai para a neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de se adaptar às mudanças, responder a desafios e aprender com novas experiências.
Música e linguagem são irmãs
No primeiro ano de vida, os aspectos musicais da voz, como ritmo e tom, dominam a audição da criança. Ou seja, antes da criança encontrar significados e ordens para as palavras, ela organizará os sons que ouve de maneira intuitiva, criativa, mais similar à música do que à linguagem.
Em uma grande revisão da Universidade de Rice publicada no periódico Frontiers of Psychology, os pesquisadores demonstraram que esses primeiros estímulos musicais são fundamentais para que, depois, a criança construa seu próprio discurso vocal.
Assim, música e linguagem, embora se desenvolvam separadamente no cérebro, estão muito próximas no início da vida, e as aulas de música podem colaborar na aquisição da linguagem, articulação de discurso e organização de ideias.
Aprender música ajuda na coordenação motora
Alguns instrumentos, como percussão, ajudam a criança a desenvolver coordenação motora por exigirem movimentação das mãos, pés e braços. Além disso, o fato de ter que seguir o ritmo trabalha o desenvolvimento da atenção, memória e coordenação motora fina, itens que, segundo Grismer (2016), podem ser preditores do desempenho da criança no ensino Fundamental em matérias como matemática e redação.
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Referências
Grissmer, D., Grimm, K. J., Aiyer, S. M., Murrah, W. M., & Steele, J. S. (2010). Fine motor skills and early comprehension of the world: Two new school readiness indicators. Developmental Psychology, 46(5), 1008-1017.
Wan, C. Y., Schlaug, G. (2010). Music Making as a Tool for Promoting Brain Plasticity across the Life Span. The Neuroscientist, 16(5), 566-577.
Woods, D. G. (1991). Brain development and creativity in early childhood music education [Symposium presentation]. Bulletin of the International Kodály Society,16(2), 48-59
Hodges, D. A. (2009). Can neuroscience help us do a better job of teaching music? General Music Today, 23(3), 3-12.