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Mutismo seletivo e autismo: qual é a relação?

Você, educador, já ouviu falar em mutismo seletivo? Tendo como característica o fracasso persistente para falar em situações sociais específicas, o mutismo seletivo relaciona-se ao TEA (Transtorno do Espectro Autista).

Neste artigo, te explicaremos melhor essa relação. Continue lendo para conferir!

O que é o mutismo seletivo?

Para Souza e Paula (2021), indivíduos com mutismo seletivo lidam com o fracasso persistente para falar em situações sociais específicas, como, por exemplo, na escola, apesar de conseguirem conversar em outras situações normalmente.

Além disso, a prevalência do mutismo varia entre 0,03% e 1% da população e sua ocorrência não se deve a um desconhecimento ou desconforto com o idioma exigido pela situação social e nem com o gênero, porém se manifesta com mais frequência em crianças menores.

Alguns estudos já consideram o mutismo seletivo como um tipo de fobia social, uma vez que causa interferências nas atividades educacionais ou de comunicação social das crianças. 

Devido ao fato de estas crianças serem, muitas vezes, mais sensíveis, tímidas e ansiosas, assim como opositoras, negativas, manipuladoras e controladoras, este transtorno tem sido associado a um excesso de ansiedade, timidez e comportamento opositor.

O mutismo seletivo e sua relação com o TEA

No livro “Tackling Selective Mutism”, a Dra. Alison Wintgens explica que as pessoas ainda não compreendem corretamente o mutismo seletivo, o que faz com que este transtorno seja confundido, muitas vezes, com outros diagnósticos, como com o TEA.

No entanto, o TEA ocorre quando há:

  1. Déficits persistentes na comunicação e interação social em diversos contextos, que se subdividem em déficits na reciprocidade socioemocional, em comunicação não-verbal e em desenvolver, manter e entender relacionamentos;
  2. Padrões de comportamento, interesse ou atividades restritas e repetitivas, como movimentos motores repetitivos e interesses fixos.

Entretanto, a principal característica do mutismo seletivo, conforme vimos, é a falha persistente em falar em determinadas situações sociais, enquanto em outras não.

Porém, apesar de possuírem algumas diferenças, o mutismo seletivo e o TEA também podem possuir sintomas similares, como:

  • Relutância para se comunicar;
  • Medo de mudanças ou de coisas novas e diferentes;
  • Isolamento social;
  • Déficits em habilidades sociais;
  • Perfeccionismo;
  • Diferenças em contato visual e em postura corporal;
  • Dificuldades com questões abertas.

Assim, devido a essa possibilidade de confusão, o ideal é que, no momento de diagnóstico tanto do mutismo seletivo quanto do TEA, seja envolvida uma equipe com diversos profissionais diferentes que trabalhem de forma integrada, além de ser avaliado, de forma minuciosa, o histórico de desenvolvimento desta criança, seu comportamento e suas experiências, assim como a situação atual da criança. 

O mutismo seletivo e o TEA podem coexistir?

A coexistência ou comorbidade é um termo comum no campo de transtornos de desenvolvimento. Por isso, não é surpresa que algumas crianças e adultos com mutismo seletivo possam desenvolver diagnósticos e dificuldades adicionais.

No mutismo seletivo complexo, um dos subgrupos de mutismo seletivo descobertos por Johnson e Wintgens (2001), é possível ter, além do mutismo seletivo, outros diagnósticos como TEA ou TS (Transtorno da Ansiedade Social), por exemplo. 

Assim, é muito importante que o diagnóstico seja feito de maneira cautelosa, a fim de que as estratégias a serem aplicadas contribuam para que este indivíduo tenha um desenvolvimento social e emocional o mais pleno possível.

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Referências: 

DE SOUZA, Danielle Castelões Tavares; DE PAULA, Leila Regina d’Oliveira. Intervenções para casos de crianças e adolescentes com mutismo seletivo. Revista Educação Especial, v. 34, p. 1-29, 2021.

GIL, Antonio Carlos. Estudo de Caso. Fundamentação Científica – Subsídios para coleta e análise de dados – como redigir o relatório. São Paulo: Atlas, 2009.

3. PINHEIRO, Andréa Maria da Silveira Goldani et al. Ansiedade e isolamento social na adolescência: como manejar? Recisatec-Revista Científica Saúde E Tecnologia-Issn 2763-8405 v. 2, n. 2, p. e2276-e2276, 2022.

SMITH, B. R.; SLUCKIN, A. Tackling Selective Mutism: a guide for professionals and parents. London: British Journal of Psychology, p. 97-101, 2015.

https://academiamedica.com.br/blog/transtorno-do-espectro-autista-tea-e-mutismo-seletivo-estudo-de-caso

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