Desinformação sobre Autismo cresce 15.000% na América Latina
Falar sobre autismo é essencial, mas falar sobre a desinformação que o cerca se tornou urgente. Afinal, houve um crescimento na circulação de informações falsas sobre autismo nos últimos anos. E o Brasil lidera esse cenário, responsável por 48% de todas as publicações conspiratórias mapeadas no continente.
O que você vai encontrar neste artigo:

Esses dados são do estudo “Desinformação sobre Autismo na América Latina e no Caribe” (2025), realizado pelo Laboratório de Estudos sobre Desordem Informacional e Políticas Públicas (DesinfoPop/FGV) em parceria com a Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas (Autistas Brasil).
O levantamento examinou mais de 58 milhões de conteúdos e encontrou um crescimento de 15.000% na disseminação de informações falsas sobre autismo entre 2019 e 2024. Logo, esse dado coloca a desinformação como um fator real de impacto para famílias, escolas e profissionais que dependem de informação confiável para apoiar crianças e adolescentes.
Vamos falar mais sobre isso?
O que mais circula sobre autismo nas redes?
Um dos pontos centrais do estudo é o volume de narrativas enganosas. Por isso, para organizar esse cenário, os pesquisadores classificaram:
1. Falsas causas sobre autismo:
- alegações envolvendo ondas eletromagnéticas (5G, Wi-Fi, micro-ondas);
- alimentos industrializados;
- parasitas intestinais;
- metais presentes no cotidiano;
- radiação, cosméticos e produtos de limpeza;
- teorias como chemtrails e inversão do campo magnético.
2. Falsas curas sobre autismo:
- dióxido de cloro (MMS/CDS);
- ozonioterapia;
- enemas com substâncias químicas;
- prata coloidal;
- terapias vibracionais (“frequência Tesla”);
- protocolos de “desintoxicação”;
- dietas extremas e compostos perigosos.
Depois de mapear 150 falsas causas e 150 falsas curas, os pesquisadores concluíram que a maior parte dessas propostas não apenas carece de fundamento científico, como pode colocar vidas em risco.
Como esse cenário afeta famílias e escolas
Quando informações enganosas se tornam amplamente difundidas, seus efeitos aparecem de forma concreta no dia a dia das crianças. Desse modo, professores, coordenadores e equipes de apoio relatam impactos diretos:
- famílias chegam mais desconfiadas e inseguras;
- decisões importantes são adiadas por medo ou por crenças equivocadas;
- práticas arriscadas são tentadas antes de uma avaliação profissional;
- diagnósticos são interpretados como rótulos, não como ferramentas de apoio;
- crianças deixam de receber intervenções adequadas no tempo ideal.
Assim, a desinformação sobre autismo não fica restrita ao ambiente digital: ela atravessa a escola e interfere na construção da inclusão.

O que a ciência realmente afirma sobre autismo
Para reduzir ruídos e evitar práticas inadequadas, o estudo reforça alguns consensos científicos fundamentais como por exemplo:
- o autismo é uma condição do neurodesenvolvimento;
- não existe uma causa única;
- não há relação entre autismo e vacinas;
- ondas eletromagnéticas, alimentos industrializados, parasitas e produtos químicos comuns não causam autismo;
- não existe cura;
- nenhum detox, suplemento, substância ou intervenção alternativa reverte o autismo.
Sendo assim, esses pontos são resultados de décadas de pesquisas replicadas e revisadas internacionalmente.
Por que a pandemia impulsionou a desinformação
O período entre 2019 e 2024 coincidiu com um aumento global da incerteza. Desse modo, o estudo revela que:
- conteúdos falsos sobre autismo cresceram 150 vezes nesse intervalo;
- mais de 4 milhões de usuários foram alcançados diretamente;
- publicações atingiram cerca de 100 milhões de visualizações;
- o Brasil concentrou quase metade do volume total.
A pandemia funcionou como um acelerador: teorias antivacinas, negacionismo e pânico moral criaram o ambiente ideal para que desinformações ganhassem força e velocidade.
Conclusão
Ao falar sobre autismo, precisamos garantir que a informação circule com responsabilidade. Além disso, o estudo mostra que, quando a desinformação avança, ela interfere na percepção social do autismo, atrasa intervenções e abre espaço para práticas perigosas. Por isso, o acesso a conhecimento confiável torna-se um compromisso de todos — especialmente de quem atua diretamente com crianças.
Combater a desinformação é, portanto, uma forma de proteger a inclusão, fortalecer famílias e garantir que cada criança tenha acesso ao que realmente funciona. Para aprofundar seu conhecimento sobre autismo, compreender as evidências científicas mais atuais e aplicar estratégias eficientes dentro da escola, conheça a Pós-graduação em Transtorno do Espectro Autista – TEA da Rhema Neuroeducação.
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